A reforma das reformas...

Eu até nutro uma simpatia especial pelos pilotos de aviação civil, até porque, quem me conhece sabe que era o meu sonho principal que, por um motivo ou outro, não me foi possível cumprir...

Mas fiquei um pouco aborrecido com estas greves (que, por acaso, já foram desconvocadas esta manhã...vamos lá a ver que concessões é que o governo faz...).

É que não fica bem à classe dos pilotos andarem a levantar falsas questões, uma vez que o que está em causa não é verdadeiramente a idade da reforma.

Parece que estamos a assitir uma birra por parte do SPAC (sindicato dos pilotos de aviação civil), ao exigir o mesmo regime de carácter excepcional atibuído à classe dos controladores aéreos.

Pois bem, vamos ver qual é a grande questão levantada pelo SPAC:

Não aceitação do alargamento da idade da reforma até aos 65 anos.

Questão: Se estão a ser invocadas razões de saúde e de segurança dos passageiros (o que tem toda a legitimidade), alguém me explica porque razão parte destes pilotos vão prestar serviço para Espanha e outros países da UE depois de obterem a reforma cá? Afinal não é a segurança dos passageiros que está em causa? Ou os pilotos só ficam "incapacitados " de pilotarem cá em Portugal?

Por outro lado, se há dúvidas sobre o estado de saúde física e psíquica dos pilotos, há sempre a possibilidade de encurtar o prazo dos exames médicos periódicos e obrigatórios para todos os pilotos. É um argumento forte o facto dos pilotos ficarem desgastados com as alterações constantes de pressão, com a responsabilidade de transportarem centenas de passageiros, com as diferenças horárias, etc. Mas no fundo, eles são treinados para todas essas situações na sua formação...ou não?

Ao ler ontem uma entrevista de um professor universitário e especialista em medicina do trabalho, fiquei ainda mais com a sensação de que estas reivindicações do SPAC são mais uma força de bloqueio às reformas governamentais relativamente à idade limite para trabalhar...afinal de contas, é uma medida autorizada pela Organização Internacional de Aviação Civil (OACI). Não me parece que esta organização esteja interessada em arriscar a vida dos passageiros, não vos parece?

E é bem claro que os principais prejudicados com toda esta situação, são as pessoas que menos culpa têm: os passageiros que pagaram o seu bilhete, que efectuaram as suas reservas atempadamente e que receberam, como prémio de ficarem 6 e mais horas nas filas geradas nos aeroportos nacionais devido à greve, uma garrafinha de água e uma "sande"...

É a nossa companhia aérea de bandeira a preocupar-se com a "linha" dos passageiros !

(E hoje mesmo a TAP vai assumir um prejuízo de milhões de €€, porque desconvocaram a greve a horas impróprias de ser conseguir inverter a situação de fretagem de outras aeronaves e respectivas tripulações...e o português a contribuir para estas palhaçadas...)